Dia das Mulheres - Por Ana Paula Paes Leme
- Rooftop Site
- 6 de mar. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de mai. de 2024

No dia internacional da mulher, tivemos um bate papo especial com a Ana Paula,
sócia da Rooftop, falando um pouquinho sobre os desafios e o papel da liderança
feminina no mercado da música.
Como é a experiência de ser uma das poucas mulheres no mercado da música e ainda assim se destacar como uma referência?
Eu costumo dizer que não escolhi trabalhar com a música, e sim, a música me escolheu. A psicologia e minha especialização em psicanálise focada na arte e em seus muitos caminhos para a saúde mental, me mostraram um novo mercado desafiador e gratificante ao mesmo tempo.
Não me vejo como uma referência, mas me sinto, fato, lisonjeada com
a colocação.
Quanto a ser mulher, em um mercado que teve em seu início a predominância masculina, penso que existe todo um fato histórico que não podemos negligenciar. Não se trata de quem é mais inteligente ou não, é que os homens sempre foram mais incentivados ao mercado de trabalho como um todo, navegando na maré ancestral da superioridade e estimulados pelo fato de que a história nunca lhes dissera o contrário. Cabe a nós mulheres, através da nossa força de trabalho, marchando ao ritmo da batida esforço / resultado, agregarmos unindo forças, fazendo a diferença e escrevendo nossa própria história.
É muito mais seguro nos apegarmos ao que já é conhecido. É complicado por em palavras o que às vezes captamos no ar, as nuances silenciosas e cruéis que fazem você sentir que não pertence a algo, as pistas sutis que lhe dizem para não se arriscar, não atravessar o batente, para achar sua gente e ficar quieta e segura. Tornar-se exige paciência e rigor em igual medida. Tornar-se é nunca desistir da ideia de que é necessário avançar, apesar da sensação de que o chão em torno nunca para de tremer.
Quais dicas você daria para as mulheres que estão começando na indústria musical?
Encontre uma carreira, em oposição a um emprego. Tenha um propósito. Não basta ser inteligente, é necessário coragem para assumir essa inteligência. Ser genuína. Encontrar sua voz. Penso que há um desafio universal de adequar quem você é ao lugar de onde veio e ao lugar aonde deseja chegar.
Não temer o fracasso. Muito antes de se tornar um resultado verdadeiro, o fracasso começa como um sentimento. É a vulnerabilidade que gera insegurança. Foquem mais nas diretrizes e menos nas regras. Seja capaz de mudar o método sem mudar a meta. Não se anestesiem diante das suas ambições, recuando em momentos que deveriam avançar. Busque não medir seu valor estritamente em termos de conquistas padronizadas.
Sempre haverá alguém duvidando de você, os críticos costumam ser barulhentos. O barulho não some, o ruído é constante e persistente, por vezes quase imperceptível, porém as mulheres mais bem sucedidas que conheço descobriram uma forma de conviver com ele, buscando e formando sua rede de apoio com as pessoas que acreditam nelas e de seguir em frente com seus objetivos.
Um momento muito gratificante ou inspirador da sua carreira?
Ver sonhos se transformando em realidade, e poder fazer parte disso exercendo impacto direto sobre os resultados. Tenho uma sensação de saltei mas não aterrizei constante em alguns projetos, isso é instigante e renovador.
Aprendi que a fama não muda as pessoas, apenas revela quem elas são.
3 mulheres que te inspiram?
Nise da Silveira, Oprah Winfrey e Simone de Beauvoir (entre muitas outras).
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